domingo, 11 de setembro de 2011

Outramento

Divagando. Reflexões que se inclinam para um desafio premente. Para alguns, fugidio, superficial, medíocre. Para mim, profundo, latente e imprescindível. Por que somos aquilo que nao vêem? Ou, melhor, nos constituimos por um modo que poucos percebem. Falta sensibilidade a outrem ou eu que me entrego pouco por considerar que todas as razoes de entrega sao tolas e superficializantes de minha subjetividade?
Ser, é uma estado transitorio. Sempre estamos. Somos um entrercruzamento de coisas. Desejos, sonhos, tristezas e alegrias. Me afeto. Espinosa afirmara que existem os bons e maus. Nao há o bem e o mal. Relativizando tudo, me afasto do lugar comum das opiniões prontas e fabricadas fora de mim.
Me esforço para ser aquilo que quero e nao consigo. Há um outro em mim, pulsante e forte que me constitui em algo que sou mas nao reconheço como desejo.me sinto mascado como chiclete. Sou produto do que querem ou utilizo este clichê para afirmar meu desejo em nao mudar? Mudar, da trabalho. Exige saída da inércia. Em estado puro, tenho um duplo. Um triplo, também.

P.s. Pontuações, para que?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Complexidade

O contemporâneo e suas valências. Produzem modelos. Formas fabricadas. É dado, a nós, o direito de escolhê-las(?). Há, hoje, um ideário que constitui a felicidade: a família burguesa, feliz e bem sucedida. Papéis definidos, sem possibilidades de desvios. Uma força moralizante, baseada no discurso normalizador, orienta a caminhada destes insólitos participantes da odisséia terrena.
 Não há margem para a tristeza. As análises dos que preferem desviar-se, que buscam a experiência disruptiva de negação dos modelos formatados e decalcados, é marcá-las sob o significante da doença e da marginalidade.
Eis uma inclinação atual: reduzir os fenômenos para uma prática discursiva tragável e de fácil entendimento. Busca-se compreender um universo vasto de forças através de explicações simplistas que reduzem um universo de experiências que compõem a existência humana.
A natureza humana é complexa. Habitada por forças que transbordam os limites da forma. Somos aquilo que advirá. Somos um atravessamento. Um entrecruzamento. Somos puro-devir!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Tempo

Sabem aqueles momentos que você possui diversas coisas para falar, para retratar seu momento interior e não encontra palavras? É isso...Talvez o silêncio, neste momento fale mais. Não me refiro ao silêncio medíocre que é incapaz de posicionar-se. Mas falo do silêncio do poeta. Da troca de olhares. Do silêncio capaz de preencher, mesmo com seu vazio linguístico, experiências afetivas.
Me lembro da infância. Ou melhor, de minha avó. Todas as vezes que ela me pegava em falta, ou fazendo algo que não constituísse regra de comportamento, não precisava falar nada. Ela me subjetivava pelo silêncio e pelo olhar. Nunca precisou me bater. Só olhava e silenciava. Era o suficiente para que eu entendesse tudo...
Retornando a idéia inicial:
Meu momento interior. Mas o que é momento? E o que é interior? Por que utilizei ambas em sinonímia?
Não tenho respostas. Mas indicarei um caminho para esta reflexão.
Momento, definirei como um recorte de tempo em dada experiência. Uma partícula da imensidão da vida. Do tempo.
Interior. Tudo o que não é exterior. O que não é visível. O que não se toca. Mas se imagina e preenche.
Juntando ambas: É pensar, em um recorte de tempo e espaço, numa fotografia de nossas emoções. Uma máquina capaz de fotografar a alma. O desejo. Não o desejo psicanalítico mas o esquizoanalítico. O desejo que é coletivo. Que se enraiza em um campo de experiências muito maior. O desejo da arte. O desejo de mudar o mundo.
Ah e o que isso haver com tudo?
nada...Quando não se tem nada para falar, não se fala. Se silencia.
Então, agora, vou me silenciar.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Escolhas?

Um fato novo me intriga. Construindo um encadeamento de pensamentos que ocupam o privilegiado lugar comum da intenção humana. Me acho inconcluso, previsível e pouco atraente.
Tomo um gole de vinho. Isso me inspira. Respiro, fundo. Ensaio outro gole. É vinho tinto. Seco e desce seco. Experimento a fisicalidade de seu potente, devastador e inesquecível aroma. É isso, muito aromático. Mexe, agora em meus sentidos, me permitindo, momentaneamente, visitar a desrazão. Me extasio e arrisco outro gole. E mais. Nossa, eu consigo voar!
E assim caminho. Ou será que estou voando. Não importa. A sensação é libertadora. Aliás, a bebida´, vivida com temperança, é libertadora. Com minha razão aniquilada com este golpe, vivo, agora, com a alma livre ultrajada pela sofreguidão etílica. É bom isso. Penso assim: Tenho o espírito livre para decidir minhas escolhas? Trilho na ilusão, inequívoca, que vivo o livre arbítrio. Não temos o livre arbítrio. Ilusão pura. Estou submetido aos limites do meu próprio corpo e estes limites não me permitem a experiência de voar. Não posso voar. Não posso estar em dois lugares. Jamais falarei em três línguas, simultaneamente. Sou livre? Claro que não.
A escolha, atributo cuja relação se encontra na temporalidade das coisas e do mundo, são minhas? Ou será que caminho, na procissão laica das escolhas massivas, submetidas pelos poderes da religião e da cultura? Queria ser extemporâneo e intempestivo. Livre!
Isso me corrói. Me destroça a intimidade. Sou visitado pela escravidão do tempo, do espaço, da linguagem, da cultura e do corpo.
Nietzsche, pensador das singularidades e que ocupa, em minha história de vida, um destacado lugar (sem a tendência messiânica) pensou nos valores que sequestram nossas escolhas.
Acho que permaneceremos aturdidos e habitados pela medíocre ilusão de sermos implicados por forças transcendentes, libertadoras, que se colocam acima e além de nós. Triste fim, Policarpo Quaresma.
Que angústia pensar a vida...

Desuso das coisas

Estive pensando. Construindo. Refletindo o lugar comum da intenção humana. No entanto, minha capacidade reflexiva, é um tanto previsível e nada atraente.
Qual será nossa capacidade de, verdadeiraqmente, mudarmos o mundo através de uma revolução que imponha uma nova ordem as coisas? Este era o epíteto, a revolução que poria radicalidade na ordem instaurada. Aí, há implicada uma importante questão: o mundo que ouso pensar em transformar será um mundo bom para as coletividades?
O religioso pensa em um mundo apaziguado com crentes professando sua fé a todo canto, invocando pela intenção metafísica o acesso as divindades. O economista, por sua vez, quer o capital entrando em mercados abertos, medindo a eficácia e robustez (para usar uma expressão batida e clichê do mercado monetário) dos fabulosos e inimagináveis números que integram a jogatina e agiotagem do mercado financeiro. Os cientistas sonham desnudar a natureza divina, fazendo-a corar de vergonha na eventualidade de sua existência. Penso ainda no mundo transformado pelos políticos de natureza não corruptível (no que se refere a coisa pública) que se inclina a pensar numa sociedadeem que as necessidades basais de uma sociedade estejam plenamente satisfeitas. E assim, uma infindável sucessão, penso em minha vã mediocridade, de grupetos se lançam no desafio de pensar as transformações que seriam capazes de agir na tecitura social.
Retomando a questão primeira: e meu mundo transformado? É aquele em que, sem o menor traço da culpa e das reprimendas encarnadas pelo judaico-cristianismo, nnos permitissem habitar os espaços de ampla convivência para brincarmos, todos, de ciranda. Nas praças. Nas escolas. Que fossemos ousados para ocuparmos espaços de luta coletiva, pégassemos as mãos uns dos outros, criássemos relações fecundas de afeto, insulflássemos nossos pulmões de ar, e na selvagem dança e sinergia dos corpos e vozes, oferececemos a transgressão as valores que aí estão numa ciranda disruptiva e cantante.
O que será tocar a mão de um desconhecido e penetrar, em sua derme pulsante e vibrátil? Tocar e sentir em nossos corpos as marcas de sua própria existêncvioa, e oferecendo a nossa, em uníssonos e dissonâncias, implicando-nos. Não negligendiando nossas diferenças de ritmo e compasso mas, nos tornando num devir-ciranda. Essa manifestação que se daria nos rincões manifestariam nosso sofrimento em sorrisos e a alegria em lágrimas. Doce ambivalência. Desejos. Sentidos. Revoluções molares e moleculares.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Poéticas de um desejante...

Hoje vi-me forçado a refletir sobre algo. É um algo indeterminado. Atemporal. Mas potente e atravessador. Assim, vou refletir sobre algo que não sei o que é mas tenho certeza que existe, tem nome e sobrenome e é potente. Mas, como dito anteriormente, não sei o que é.
Estranha contradição. Como podemos falar de algo que não sabemos o que é? Buscarei, desta forma, as essências que compõem este desejo de falar. ou melhor, escrever!
Penso sempre na vida como história. Importante sublinhar que não me refiro a constituição histórica mas a recortes de tempo que se produzem no devir. É na história que se efetua a vida (oposição ao vitalismo não-orgânico), os planos de organização de subjetividade, a produção de afetos e produção desejante, a cultura, os fenômenos físicos, as experiências, a dramatização, a produção de conceitos e tudo mais...Assim, para mim, como terapeuta ocupacional, a história, de vida, tem vital importãncia na busca por um sentido que dispare a jornada da existência.
Tenho muitas histórias. Diversas. Assim como toda humanidade. E assim como todos, tendemos valorizar mais uma que em detrimento de tantas outras. Vou fazer emergir uma. Que se referirá a um "algo". Um algo importante. revelador. Marcante. Extasiante e potente.
Em dada página da vida, fui conduzido a uma força desestabilizadora. Um afeto de intensidades. Uma rara paisagem de luz, cujo força habitou em minha interioridade. Uma experiência que me enobreceu. Me fez feliz de forma intermitente. Mas me fez triste também...
Por que a vida nos coloca diante de tantas ambivalências? Tantas escolhas...Escolhas que o tempo, o Cronos devorador, imperdoável, cobra-nos, mais cedo ou mais tarde. E pouco importa se te arrependes... E daí, porque escolheste este caminho?
Escolhi um e segui. Fui em frente. Passos vacilantes que indicavam um caminho sem volta. Ou quase sem volta. Neste caminho há pontos de fuga. Possibilidades de desvio. Uma rara e inequívoca possibilidade de viver o que não foi vivido. De sentir o que não foi sentido. De ter o que antes tinha se perdido.
Pobre fidalgo. Escolhas de sofia se abatem sobre ti. mas quem disse que me importo com isso? Sou Cronos, o devorador, e minha missão em seguir. É não parar. Aliás, Cazuza já cantara isso: "O tempo não para".
Quem não lembra o Romeu, de Shakespeare, entoar: "Amor, Sensata loucura, sufocante amargura, vivificante doçura".
Mas, ressurgi. Mesmo com os riscos dos pontos de fuga. Mesmo com o risco dos desvios, me arrisco. Para que esmorecer de novo? A vida é tênue e rara. É rápida. E o tempo a devora.
E se a existência não oferecer nova chance? E se o universo desistir de conspirar?
Será que vale o risco de arriscar? Desejo e assumo o risco.
Mas e o desejo, o que é?
Nunca desejo algo somente. Deleuze ensinou.
O desejo não é categoria psicológica mas sempre um motor cósmico de agenciamentos coletivos. Já viram a afirmação: eu desejo essa mulher? Isso é ilusório. Nunca desejamos só isso. A mulher isolada de seus afetos. De sua produção subjetiva. Modulando melhor a questão, poderíamos afirmar que o desejo não se dá sobre algo ou alguém mas sempre sobre um conjunto agenciado a um coletivo. Não desjeo só a mulher mas também sua cultura, sua inteligência, seus amigos, suas cores, suas roupas, sua dança, seu olhar, seu sorriso. O desejo é sempre um agenciamento coletivo.

Fico por aqui...

Até breve!

Julio

terça-feira, 30 de junho de 2009

Ainda o OVNI...

Recebi diversos questionamentos acerca de minha última postagem. Em geral, as dúvidas se abatiam sobre a minha experiência com o OVNI. Pelo menos 5 pessoas diferentes pergutaram-me: afinal, você viu ou não o tal OVNI?
Quero traçar um paralelo entre existência e arte para responder a tal questão. E faço, imediatamente, uma consideração: dificilmente sou conclusivo em minhas argumentações cabendo, portanto, ao interessado esmiuçar e dissecar palavras que levem a uma análise que satisfaça a tal indagação. ´
Já deixei claro que concebo a vida como obra de arte. Como expressão inequívoca de uma rara experiência estética. Um experimento contínuo e renovado que transpareça beleza e que seja capaz de resistir aos aperfeiçoamentos morais ou ao dever. Assim, aposto na vida como pura potência, ou seja, buscar inventiva e incessantemente a beleza cuja expressão possa seguir em vivências genuínas e pessoais, vendo na experiência estética o parâmetro para a existência.
Então, chegamos ao OVNI.
Como afirmara anteriormente, o meu OVNI não é físico ou material mas imaterial. Entretanto, sua imaterialidade preenche espaços físicos e temporais. Mas é extemporâneo, habita o tempo do "fora", do não cronológico.
Embora tenha conhecido-o há mais de 5 anos ele é indelével. Sua dimensão estética preenche e me acompanha. Me inspira. Me multiplica. Me extasia...
O olhar é um subjetivador. A beleza se reveste na medida em que decidi olhar com beleza. Quando fugimos da mediocridade cotidiana. Pense em uma viagem. Uma longa e cansativa viagem. Seu olhar subjetivador pode ser capaz de se encantar com cada territorialidade inaugurada. Cada paisagem (mesmo as existenciais ou geográficas) pode ser encantadora se decidir olhar desta maneira. Entretanto, experimente a mesma viagem com o olhar da mediocridade. Que saco...A viagem não passa. o destino não chega. Está aí a diferença entre viver e viver esteticamente.
O OVNI foi um campo de experiência. Imaterial mas estético. Indelével. Sempre esteve comigo. Em mim. Dentro e fora numa forma intempestiva de amar o próprio destino. E deixo claro que não percebo amar o destino como uma forma de submissão a ele.
Tem uma música que diz:
"Vamos ver a doce luz da lua num profundo céu azul..."
Isso explica tudo. Meu OVNI. Minha experiência imaterial porém, potente. Independente de tudo, me acompanhará nesta odisseia terrena. Onde quer que eu esteja. Como quer que eu esteja, lá estará...meu OVNI. Brilhando. Me olhando. Me preenchendo, Me inspirando...Me marcando com lembranças inesquecíveis. Me fazendo pensar a vida como obra de arte!

Abraços a todos,
Julio


"“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos, sem número, e pontes, e semi-deuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes... siga-o...”